Discutindo: “A Qualidade do solo”

7 ago, 2019
Redação Nutrição de Safras
- Tempo de Leitura: 3 minutos
solo ressecado

Por Dr. Silvano Abreu

A qualidade do solo é definida como a capacidade de sustentar plantas e animais, mantendo ou aumentando a qualidade da água e do ar e permitindo assim uma vida saudável a seus habitantes. Além disso, o solo é responsável por produzir sem degradar, por suprir calor, água, ar e nutrientes e também por reduzir a contaminação do ambiente.

Em condições de vegetação natural (como a mata), o solo está em equilíbrio num sistema de ciclagem de nutrientes, ou seja, a nutrição da vegetação vem da decomposição da matéria orgânica. Com o desmatamento e o uso agrícola rompemos o equilíbrio natural e importantes alterações nas propriedades do solo ocorrem principalmente nas camadas superficiais.

A mudança da vegetação altera significativamente o equilíbrio do ecossistema. Somando-se a isso, o preparo com aração e gradagem pode afetar de forma acentuada estoques de matéria orgânica, pois promove grande degradação da estrutura, levando a intensas perdas de matéria orgânica por mineralização e erosão. Pode também causar erosão, compactação, além da perda significativa da fertilidade natural. Do ponto de vista biológico, ocorre diminuição da população e da diversidade microbiana, fatores primordiais para a melhoria da qualidade do solo.

Por que a qualidade do solo é um fator importante da produtividade agrícola?

A qualidade do solo tem duas principais faces: uma ligada às propriedades intrínsecas e outra ligada à parte dinâmica do solo, influenciada pelo seu uso e manejo. A face intrínseca da qualidade refere-se às suas características como: textura, profundidade, pedregosidade, declividade, profundidade do lençol freático, CTC (capacidade de troca de cátions), entre outras.

Pouco ou nada pode ser feito para que estas características sejam melhoradas. Contudo, o manejo do solo tem forte influência sobre sua parte dinâmica. Processos e/ou funções relacionadas aos atributos físicos, químicos e biológicos do solo são usados para avaliar sua qualidade. Ou seja, a manutenção da qualidade, ou mesmo seu aumento, está demonstrada na capacidade deste ambiente em produzir com a mesma eficiência por um longo período do tempo. Como exemplo, podemos citar o teor de matéria orgânica. O aumento no teor de matéria orgânica ao longo do tempo promove o aumento da fertilidade, da capacidade de reter água e nutrientes e a melhoria de sua qualidade física. Assim, o uso de uma propriedade (matéria orgânica) está diretamente ligado a diversos indicadores de qualidade.

Da mesma forma, o estudo da densidade do solo, pode ser correlacionado com propriedades de retenção de água, aeração, resistência do solo ao crescimento de raízes, compactação e até com propriedades hídricas de fluxo de água, erosão e drenagem. Neste caso, o estudo de uma propriedade (densidade do solo) é usado como indicador de várias outras características.

Como aumentar o teor de matéria orgânica e não ter problemas de compactação?

Uma das formas de melhorar a qualidade do solo através do aumento de matéria orgânica e diminuir a compactação é promover a manutenção da cobertura vegetal com palhada. Para isso, é preciso que se tenha no sistema uma taxa de produção de palha maior do que a taxa de decomposição. Em áreas onde a taxa de decomposição é elevada, torna-se difícil a manutenção permanente da palhada. Nestes casos, mesmo que não se consiga manter a palhada permanente, devemos buscar maximizar sua produção, sem incorporar, para que a cobertura seja a máxima possível.

Rotação de culturas e aumento da intensidade de cultivo com mais culturas durante o ano são formas de aumentar a produção de biomassa e, assim, alcançar uma taxa de adição de palhada maior.

Aumentar o teor de matéria orgânica do solo é um grande desafio dos sistemas agrícolas. Sendo alcançado somente em sistemas produtivos muito bem manejados, sob plantio direto, com elevada produção de biomassa e manejo adequado da fertilidade. Mudanças no ambiente, decorrentes de práticas de manejo inadequadas, queima, mecanização, erosão e monocultura podem levar a um rápido declínio do estoque de matéria orgânica, levando ao aumento de carbono na atmosfera e contribuindo para o aquecimento global. Além, é claro, do declínio da qualidade.

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